O relógio não para

14:01


Olhos abertos, ouvidos atentos. O relógio corre sem descanso. O telefone vibra a todo instante. Entre listas de tarefas, prazos a cumprir e cobranças intermináveis há uma mente cansada. Todo o passado foi jogado em uma caixinha que não cabe na rotina. Os pensamentos não estão na agenda. O sentir se torna automático. É preciso chegar no horário com tudo impecável. É preciso deixar a imaginação de lado, nenhuma linha deve sair do lugar. Tudo agora, pra ontem. Ache a pasta no meio da bagunça inútil que não consegue entrar na lista de prioridades. Pegue isso, anote aquilo, ligue, avise, busque... Não pense, não crie, não mexa. Pare!

Há saudades nas folhas ainda em branco, fechadas. Nos textos deixados, parados, não digitados. Nas cores esquecidas na gaveta. Nas paredes sem vida. Nas fotos não tiradas. Nas canções mudas. Tanta tragédia, comédia, perdidas para o tempo. Tanta inspiração jogada fora, sem nem chance de gerar ideias novas. A arte no lixo. E o relógio não para. 

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