Brincar de gente grande

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Bonecos espalhados pela casa. Esse é um típico cenário de infância. Aquela garotinha criativa adorava isso. Não a bagunça, isso ela nunca gostou muito. Ela amava a liberdade de ser quem quisesse e ainda poderia ser tudo ao mesmo tempo.

A arquiteta e decoradora montava as casas e os cômodos. Assim, a empresária, a professora e a médica teriam onde trabalhar. Tudo sempre organizado em sua mente. Era assim quando não estava pulando corda, elástico, amarelinha... apenas fazendo o papel de ser criança. Esse ela não gostava muito, às vezes queria crescer.

Seu sonho era trabalhar com crianças. Mas cada personagem da TV era uma nova ideia. Sentar com sua mãe para ver novela era quase tradição. Foi assim que sonhou em ser fotógrafa, ensaiou para testes de atuação e ouviu falar de uma tal engenharia ambiental. Tudo era apenas brincadeira, imaginação. As tardes e manhãs com os desenhos também a fazer um sonhar. A menina achava que criaria as Meninas Super Poderosas ou alguma receita maluca. Ela, planejava até ser espiã. 

Quando as energias se esgotavam adorava ouvir contos de princesas e aventureiros. Uns a faziam sonhar, enquanto outros, temer. Tão acostumada a isso ela teve que criar as próprias aventuras fictícias antes de dormir quando seus pais cansaram da tarefa. Para dormir, brincava de ser escritora. Estava decidido que entre uma folga e outra no consultório da pediatra algumas páginas de seu próximo livro seriam escritas.

A garotinha cresceu e foi ensinada que não poderia ser tudo que quisesse. Suas ideias foram perdendo espaço para o mundo real. Ela não tinha mais certezas.
Descobriu diversas opções além das que estava acostumada a ouvir e aceitar. Todos em volta pareciam estar no caminho certo ou andando em direção a ele. Menos ela, que olhava tudo e não se enxergava em nada.

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