Uma canção

21:00


A chuva acabará de cair. Eu ainda podia sentir o cheiro de terra molhada enquanto buscava um lugar calmo e seco para ler. Por sorte havia uma banco pouco molhada embaixo de uma árvore. Naquele dia esqueci meus fones, por isso me senti incomodada com o som que vinha do celular da pessoa ao lado. E o pior, ele parecia insatisfeito com sua playlist, não deixava nenhuma música tocar mais de dez segundos. Estava prestes a reclamar quando finalmente o garoto de touca branca escolhe uma canção. Reconheço imediatamente aquela letra "Quando se despediu e precisou partir/ Desde aquele dia eu vivo a lhe esperar" era Amor sem onde do Tiago Iorc.

Fechei meu livro cuidadosamente e perguntei se ele gostava do cantor. Talvez a pergunta tenha sido um pouco boba, mas por algum motivo quis me aproximar dele. Sorri com a resposta afirmativa. Ficamos um tempo descobrindo o quanto tínhamos em comum. Notei um violão encostado ao seu lado. Logo, ele revelou que seu amor ia além de apenas ouvir música. Pedi, praticamente, implorei para ouvi-lo tocar. Exitante, aceitou. A timidez inicial se transformou em talento e uma voz suave e encantadora. Enquanto eu estava envolvida meu celular tocava insistentemente. De imediato eu lembrei que deveria correr se quisesse chegar a tempo para a prova de filosofia. Nos despedimos com um abraço. Lamentei por sair daquele abraço, mas segui meu caminho apressada. Cheguei na sala meio distraída. E só então me dei conta que daquela linda voz eu sabia apenas o nome. Leandro. 

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