Insensato coração

21:00


O coração não gosta de sustentar aparências. Ele é frágil, mesmo que diga que não. Mesmo que insista, que goste de correr riscos. Ele só finge que está tudo bem. Não importa o quão grave seja ele dirá que é só um arranhão. Esse coração é teimoso. Mesmo em pedaços ele segue em frente. Talvez, seja um pouco burro. Acha que está fazendo o certo não importa o que digam. Sabe, ele também tem seus próprios medos mas esconde. Alguns lhe dão força. Não é apenas medo de ficar só. O jovem coração aprendeu que as maiores lições não são ensinadas em livros e nem por pais ou professores. Seu medo é não ter motivo para bater mais. Por isso implora todos os dias por uma nova história, um novo pensamento ou um pequeno sorriso que seja especial. Acelera sem ritmo certo. Ignora a confusão que pode causar do lado de fora. Tudo que o insistente órgão faz é espalhar vida. Não que seja egoísta, ele só não sabe o que faz. Não mede as consequências de seu louco ato de acelerar ao sentir-se envolto por confortantes braços. O coração é uma criança travessa que só bagunça. 

O cansado cérebro, inutilmente, pede que ele se aquiete. Pobre cérebro. Esse tem sempre que lidar com as confusões criadas pelo outro. Mas ainda sim tem um defeito, não vive. Mede cada passo. Analisa esforços. Para ele a vida não é um parque de diversões. Na verdade, é cheia de obstáculos. É bastante respeitado, apesar de nem sempre fazer um excelente trabalho. Ele não entende porque o coração é tão teimoso. Criança teimosa não pode fazer o que quiser. Logo, o cérebro, com sua superioridade, lembra daqueles obstáculos. Ah! E o inquieto coração se entristece. Mas nem sempre desiste, afinal ele precisa acelerar. A briga entre os dois às vezes é séria. No final sempre tem alguém, o elo, pra botar ordem na casa. Difícil é saber quem está certo. Uns preferem aquele que bate no peito e busca a vida, outros o sensato, superior, que põe todos os limites e só entende o que vê.

Se tem um certo não sei. Afinal o que seria do cérebro sem a vida, e o que seria do coração sem um comando. Muitas vezes a razão precisa da emoção e emoção precisa da razão.

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